O grupo brasiliense Teatro do Instante participou de intensivo intercâmbio artístico com outras duas agrupações teatrais de língua portuguesa. O resultado desse encontro é o espetáculo “Netos de Gungunhana: um desvio”.

O projeto de intercâmbio contou com apoio financeiro concedido pela Secretaria de Estado de Cultura do Distrito Federal, com recursos do Fundo de Apoio a Cultura do Distrito Federal – FAC-DF, por meio do Programa Conexão Cultura DF. Através do fomento, o grupo Teatro do Instante (Brasil), a Fundação Fernando Leite Couto (Moçambique) e o grupo Teatro O Bando (Portugal) montaram três versões de uma mesma obra.
Baseado na trilogia “As Areias do Imperador”, de Mia Couto, o espetáculo “Netos de Gungunhana: um desvio” apresenta provocações sobre história de guerras e imposições de uma civilização à outra, utilizando argumentos teatrais e filosóficos como um pretexto para discutir violências que ainda persistem na sociedade. Nesse projeto, os grupos questionam os colonialismos históricos de todos os dias, os líderes de fachada e as manobras dos poderes na sombra e à vista de todos.

A versão brasileira do espetáculo de Mia Couto aborda a guerra contra o imperador Ngungunhane durante o processo de colonização de Moçambique, por parte de Portugal, discussão na qual pode-se observar importantes ecos do processo de colonização brasileira. Entre junho de 2018 e fevereiro de 2019 uma rede de colaboração em pesquisa e criação entre esses países se apoia no compartilhamento de poéticas e procedimentos criativos dos artistas envolvidos para criar três versões cênicas a partir da obra de referência.
A primeira fase do projeto ocorreu à distância. O trabalho teve início com a leitura da trilogia. A segunda fase foi o próprio intercâmbio presencial, composto por três residências artísticas – uma em cada país envolvido. A versão de estreia desse encontro teatral foi apresentada entre setembro e novembro de 2018 em Palmela e Lisboa (Portugal). Agora, no mês de janeiro, a peça será apresentada em Brasília e no mês de fevereiro em Maputo (Moçambique). Para cada país em que a obra circula, o grupo anfitrião propõe suas próprias dinâmicas de composição e eixos estéticos para a nova versão, de acordo com o patrimônio poético, técnico, cultural e histórico de cada nação.
Confira a agenda do espetáculo em Brasília, onde o grupo anfitrião se apresentará com atores de outros países:
